quinta-feira, 17 de março de 2011

Teresina: centro de referência em transp. coletivo!

Hoje meus problemas foram em relação aos transportes coletivos e à maravilhosa organização da UFPI, porém irei me ater principalmente ao primeiro, apesar de o segundo fazer parte do "efeito dominó" que teve como consequência mais uma daquelas dores de cabeça.

Bem, indo aos fatos: 8 e pouco da manhã, eu lá, todo bonitão, cheirosão, indo para o ponto de ônibus e tal, super "animado" (odeio acordar cedo, e 8h pra mim ainda é madrugada)... Passando por uma esquina, veio um ônibus e passa gentilmente por cima de uma poça d'água, encharcando "levemente" a minha calça do joelho para baixo. Mas, por incrível que pareça, até aí tudo bem.
Cheguei à UFPI inteiro, finalmente assistí à bendita aula, depois de uma semana do início das mesmas. Terminando, lá vou eu todo feliz pra encarar a humilde fila do almoço. Tempo de espera: 1h20min! Justo quando eu chego na reta final, quase azul de fome, a porra da comida inventa de acabar! Mas fazer o quê, né? Isso é o que dá querer pagar de intelectual e levar duas universidades nos peitos. Ou eu almoçava a qualquer custo e hora, ou então só iria ver comida no jantar.
Beleza, almocei. Mas o pior mesmo vem agora:

Em Teresina, inventaram uma tal de Lei Municipal nº 3946 de 16/12/2009, que "especifica o lay out determinando além da mesma tonalidade de verde, a logomarca da empresa, o número de identificação do veículo e a destinação das linhas em locais visíveis"(Fonte: Portal 45 Graus). E graças à essa bendita, eu passei mais de duas horas rodando feito barata tonta em 3 zonas da capital "super-gelada-com-frio-polar-ártico" que é Teresina. E tudo porque, o tal do LETREIRO que era pra facilitar a visibilidade do destino da linha, me confundiu pois não apresentava o destino por completo, e sim por partes*, como diria Fred Krueger.
Teresina já tem um histórico não muito recente em soluções mirabolantes para a questão dos transportes coletivos que só servem pra piorar o que já está ruim: começando pela centralização da venda de passes, creio eu que em 2002, cuja decisão eu critiquei veementemente(aos 15 anos eu já manjava mais de planejamento urbano que os babacas do SETUT**), não fui escutado, participei de uma manifestação de protesto e acabei "apreendido" em um camburão da PM por volta de uns 40 min. pra esfriar a cabeça.
Essa é a segunda vez que vou criticar a decisão dos "barões dos busões" de Teresina: essa porra não vai dar merda: já tá dando! Eu tiro pelo tanto de gente que ví nessa voltinha que dei, e que eu vía fazer careta pra enxergar o que tinha escrito no letreiro do destino, e por mim, que perdí as aulas da tarde toda, pois me atrasei. E daí se em outras capitais eles também estão aplicando isso? Se os cariocas também começarem todos a dar as suas respectivas bundas nós vamos ter de soltar nossos aros por aí? Nada contra os homossexuais passivos, nem contra os cariocas, mas eu tenho a opção de não querer queimar a rosca, assim como eles têm a opção de até torrar as deles, se possível. Agora, transporte coletivo é pra ser COLETIVO! Se nós não participamos de decisões como essas, nós não somos clientes: não passamos de "cargas" dentro dessas caixas com rodinhas.

* Pra quem não é de Teresina, ou não manja das rotas dos busões, aí vai a explanação:
Na UFPI passam duas linhas de ônibus parecidas nas descrições: UNIVERSIDADE / N. S. de FÁTIMA, que é feita pelo ônibus da empresa de nome EMTRACOL, que tem a cor verde desde sempre; e UNIVERSIDADE CIRCULAR 2, que é feita pela empresa PIAUIENSE, que normalmente tem seus ônibus na cor amarela. O ônibus que peguei era verde, mas era dessa nova frota. O ônibus era da empresa PIAUIENSE, mas aparecía apenas a palavra UNIVERSIDADE no letreiro, como normalmente aparece no ônibus da outra rota, que era a que eu queria. Tendeu?

** SETUT - Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Teresina

sexta-feira, 4 de março de 2011

Marcelo Rubens Paiva

Saindo da universidade, acendí um cigarro na frente do guarda da portaria, e ele me olhou com uma cara de "carinha mais insolente, acendendo um cigarro na minha frente" enquanto que eu olhei pra ele com uma cara de "se tá achando ruim, me coloca pra fora!". Não sei porque diabos ele fez isso, já que a universidade é um local público, e aberto. Odeio quando esse tipo de gente que acha que, por usar coturno e uma farda de agência de segurança, se acha o dono do mundo...

Então, indo pelas ruas do centro, com meu cigarro aceso, à caminho da parada e desviando das cocotinhas que faziam cara feia pra minha fragrância de Dunhill Carlton, caminhava pensando nas primeiras 20 e poucas páginas do livro "Feliz Ano Velho". Carinha bem fodido na vida você, hein, Marcelo? Mas sabe fazer alguém refletir sobre a vida que tem.

Um percurso que eu faço diariamente (e talvez isso tenha servido de artifício para me "cegar" diante da beleza noturna urbana, pois eu nunca tinha prestado atenção na iluminação das árvores na praça da Av. Frei Serafim, nos casais de jovens namorados, nos amigos reunidos felizes por terem saído do trabalho) me pareceu uma São Silvestre devido ao tempo que me pareceu ter passado para eu chegar no ponto de ônibus. Uma eternidade para 3 quarteirões! Mas isso era porque eu vinha pensando na história triste daquele cara de apenas 20 anos do livro, que em um momento tava pagando de Tio Patinhas, e no outro estava plantado em uma maca de UTI. Isso mexe com o juízo de qualquer um, principalmente com o de um cara que foi parar em um hospital inconsciente duas vezes em dois meses sem sequer saber o que tinha acontecido na última meia-hora de sua vida.

Chegando no ponto, encosto-me em um corrimão sujo de chiclete, que um maldito filho da puta de estudante de Ens. Médio provavelmente colocou. Felizmente foi na minha mão que o maldito grudou, e não na calça. Olho pra baixo e vejo um gatinho metido à machão, marcando território nos sacos de lixo, e que só não marcou em mim por que quase levou um bico do Sr. Timberland. Tinha em mente passar na academia pra visitar o pessoal do judô, fazer a social com o sensei, rever os amigos... Mas para a minha salvação, perdí o ônibus. Depois pensei que não seria boa ideia ter ido, pois eu estaria ferrado com o professor por causa do cheiro de cigarro. No mais, tudo normal, como numa noite normal: pego outro ônibus, duas gatinhas nele, uma delas me fitando; um louco, ou bêbado, ou louco-bêbado-gritante-irritante também sobe, mas para minha felicidade e a dele ele decide ficar na frente.
Tudo aconteceu normal, como todo dia acontece... Mas a minha cabeça já não era mais a mesma: eu vinha ligado, prestando atenção à tudo, tanto para detalhes interessantes como a loira de roupa azul, rabo de cavalo e cordãozinho de prata que tentava me olhar mas não conseguía porque eu estava atrás dela, como para coisas consideradas insignificantes como o farol de um Gol G4 desregulado refletindo no asfalto, e à uma carreta no prego em plena BR-316.

Enfim, chegou a minha parada, como sempre. Não matei o louco-bêbado-gritante-irritante, e nem catei a loirinha. Mas descí diferente, mais disposto a dar valor aos pequenos detalhes de minha vida, mais disposto a dar valor à minha vida. Não quero morrer com aquela vontade de achar que podia ter vivido mais, e melhor: isso eu sempre fiz, e agora é que vou dar mais valor à isso.

Cheguei mais uma vez vivo em casa, e resolví despejar essa minha experiência aqui pra vocês, e inclusive uma frase bem interessante que me passou pela cabeça: a vida de qualquer um pode se tornar um livro, por mais que a pessoa ache a sua um porre; o segredo é saber extrair isso de sí.