Eu andei pela vida afora procurando por respostas aos meus problemas. Andei, procurei... mas não achei o que procurava: soluções. Os mais sábios que encontrei nessa caminhada disseram-me para aceitar os problemas como eles são, pois para eles não existem solução. Eu não os escutei, e não aceitei, muito pelo contrário...
...inventei uma nova forma de viver, um novo “eu”: desenvolvi valores próprios, filosofia de vida própria, moral própria... Tudo o que um personagem precisaria para ser único, e perfeito, de modo que me fizesse esquecer a minha vida passada, cheia de transtornos, distúrbios. E descobri que isso deu certo por um bom tempo.
Porque não deu certo pelo resto da vida? Porque eu percebi que um personagem se encerra quando se encerra o espetáculo. E meu espetáculo acabou quando eu percebi que o meu personagem não tinha incorporado de vez em mim, que nunca tinha sido “eu”, e sim uma máscara que tinha inventado para mascarar os obstáculos da minha vida.
Porque a máscara caiu? Simplesmente porque eu pensei em tanta coisa para criar um personagem que, acabei por esquecer de pensar onde guardar o meu “antigo eu”, e ele acabou que acompanhando o tal personagem. Tipo aquela gravura clássica dos desenhos animados, em que tem um diabinho e um anjinho ao lado da cabeça do ator: a diferença, no meu caso, é que era apenas um rondando a minha cabeça. Nem diabo, Nem anjo, apenas meu eu verdadeiro. Enfim, eu não o matei, optei por esquecê-lo. Mas descobri que isso é impossível...
Eu percebi que tinha me preocupado tanto com os empecilhos, que tinha me preocupado tanto em resolvê-los sozinho, me preocupei tanto com a repercussão que eles teriam para as pessoas mais próximas de mim... que acabei esquecendo o quão boa era a minha vida, e que eu tive problemas a minha vida inteira, como qualquer um nesse mundo tem. A diferença é que eu nunca aceitei que para eles não tinham resposta. E o meu antigo eu passou todo esse tempo tentando me mostrar isso, que a vida não era só problemas, que eu tinha deixado muitas coisas boas para trás.
Enfim, resolvi escutá-lo. Viver com problemas deve ser bem mais simples que viver num conto de fadas, pois na vida você não cria, tudo já existe. Num conto de fadas, você vive criando, se iludindo, usando uma máscara. E contos de fadas não existem, no final das contas. E viver algo que não existe, é algo inconcebível.
Num sabia que tu escrevia não. Cheio das filosofias...
ResponderExcluirFilosofia de botequim: só consigo escrever ou bêbado ou estressado.
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